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terça-feira, 16 de julho de 2013

[ III Living Lab Íris D'Arga 2013 ] Design e Ativismo

O atelier Íris Darga acolheu mais um Living Lab, de 1 a 14 de julho de 2013, e contou com a participação de 6 alunos da Universidade de Aveiro. Nesta edição pretendia-se desenvolver um projeto que envolvesse as áreas do design, do craft e do ativismo social. Deu-se continuidade ao exercício realizado no 2º semestre, ao longo do qual os alunos ganharam competências no âmbito da intervenção criativa e da responsabilidade social do design.


Assim, durante as duas semanas, valorizou-se a interação com a realidade local e procurou-se obter conhecimento científico sobre o património natural e cultural associado ao Rio Minho e Coura. A visita ao Aquamuseu do Rio Minho, orientada pelo biólogo Carlos Antunes e a conversa com o Dr. Rui Esteves, Presidente da Junta de Covas, permitiram-nos compreender os impactos da intervenção humana no ambiente, dando origem ao conceito e argumentos do projeto.

Da residência resultaram então duas peças tridimensionais que simbolizam os equilíbrios ambientais e a intervenção humana, com um enfoque nos territórios hidrográficos do rio Minho e Coura.

A intenção é reavivar a consciência das pessoas para a necessidade de encontrar pontos de equilíbrio ambientais e perpetuá-los no tempo, valorizando o esforço e incentivando ações por parte da população que venham a contribuir para essa estabilidade.


A peça consiste num móbil com três elementos chave.
O seixo, artefacto de pesca; a truta, símbolo da biodiversidade dos rios, e o tronco, que representa a rede hidrográfica.
Na execução recorreu-se a materiais e técnicas locais, como o papier mâché.

Os artefactos são interativos e permitem contactos físicos e emocionais para a descoberta de como é frágil o “equilibrium”.


As peças são itinerantes, sendo que uma delas irá circular pela vila de Cerveira durante a Bienal e a outra pela aldeia de Covas. Cada uma será acolhida durante uma semana num estabelecimento ou espaço público local.

A ESG (Escola Superior Gallaecia) associou-se ao projeto fornecendo apoio multimédia do qual resultou o vídeo onde a Alexandra Valderrama registou todo o processo de trabalho.

O projeto contou também com a colaboração do Aquamuseu de Vila Nova de Cerveira e da Junta de Freguesia de Covas no intuito de fortalecer relações locais.
Equilibrium é um projeto paralelo à 17ª Bienal de Artes de Vila Nova de Cerveira.
O projeto revelou-se muito enriquecedor, principalmente por ter sido aplicado num contexto real, o que nos permitiu pôr em prática os conceitos e métodos estudados no curso. O facto de termos trabalhado na área do ativismo social fez-nos ter uma visão mais alargada do papel do design, explorando o seu carácter interventivo e social.
Os conhecimentos, o know-how e a experiência que o professor partilhou connosco foram fundamentais para apreendermos a metodologia inerente a um projeto de design e para desenvolvermos uma visão crítica sobre o nosso trabalho. Foi um projeto exigente e despertou o nosso sentido de responsabilidade e de pragmatismo.
Nestas duas semanas vivemos bons momentos, desde as refeições em conjunto, acompanhadas pelos relatos das viagens do Professor, aos banhos no tanque e na lagoa, passando por momentos caricatos como o passeio louco de jipe, a visita às minas e o salvamento da cadela.
Os alunos, Inês Seixas, Joana Ventura, João Neves, João Puig, Matilde Horta e Sara Martins.



www.irisdarga.blogspot.com
www.equilibrium.vimeo.com
www.esg.pt
www.jf-covas.com
www.aquamuseu.cm-vncerveira.pt
www.bienaldecerveira.pt/portal/page/portal/fbac/fundacaobienaldecerveira



quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Craft+Design+Natureza



De 2 a 12 de Julho, teve lugar mais uma residência no Atelier Iris D'Arga com o intuito de cumprir os objectivos deste living lab, relacionar os designers com a natureza, a matéria prima que esta generosamente nos oferece e as tecnologias artesanais.

Seis estudantes do curso de design da Universidade de Aveiro  imergiram numa realidade diferente do seu quotidiano e reflectirem sobre a mesma, percepcionaram as mais valias existentes no local e perceberam o potencial existente para desenhar novas soluções de serviços e artefactos relacionados com a realidade local.

Esta residência faz parte de um “work in progress”, que serve como experiência interpretativa para a organização e exploração do espaço-atelier e de soluções mais eficazes para o aproveitamento das suas potencialidades.

O workshop materializou a necessidade de experimentar, produzir, perceber e valorizar a realidade da trilogia, craft+design+natureza.

Um conjunto de artefactos em madeira foi produzido, tornando este espaço, num lugar vivo de descoberta, de convívio, de trabalho prazer e emoções que me enche de energia para continuar.

João Nunes

PS: foi um prazer “trabalhar” com a  Inês, o João, a Mila, o Rafa, a Giló e a Bárbara.



Quando  chegamos ao espaço do atelier Iris D'Arga, começámos a preparar as condições necessárias para a nossa residência. Montámos as tendas, prepáramos uma cozinha no espaço exterior e organizámos tudo de modo a que a utilização do espaço fosse fluída e mais adequada ao programa que viríamos a definir.
A primeira refeição em conjunto serviu para que pensássemos no objectivo colectivo, nos potenciais de cada um e como poderíamos aproveitar ao máximo a envolvente, as infrastuturas e os equipamentos instalados no atelier, com que poderíamos trabalhar madeira, cerâmica ou papier machê.



Decidimos, numa primeira fase, que iríamos fazer um reconhecimento local da fauna, da flora, da paisagem e das características morfológicas e geológicas da serra. Assim, visitámos o Centro Interpretativo da Serra D'Arga, onde pudemos compreender melhor o local , perceber também o que se produz localmente - mel, lã, algodão -, manusear alguns equipamentos antigos usados nas produções locais e estabelecer contacto com a população local e suas vivências.



Num passeio pela Serra, explorámos a natureza existente na zona. Passámos pelo icónico convento de São João D'Arga onde a paisagem ilustra a imponência da serra.



Durante este passeio, o acaso fez-nos encontrar uma lesma de grandes proporções, que nos despertou um interesse invulgar devido à sua textura, cor e forma. Mais tarde, chegámos à conclusão de que se tratava de uma espécie invasora conhecida como lesma assassina ou espanhola. A sua morfologia singular estabelece a simbiose ideal entre a natureza e as possibilidades de exploração a partir da ligação craft+design, que podem originar no futuro peças de grande qualidade visual.



Apesar disto, a madeira revelou-se como sendo o material mais apropriado para trabalharmos, devido ao curto espaço de tempo e à existência no atelier de um conjunto variado de ferramentas e matéria-prima pronta a ser transformada. Nesta escolha também influiu a grande quantidade de referências estéticas desta tipologia presentes no atelier.



Decidimos fazer a identificação e recolha de algumas espécies existentes. Verificámos que há nesta zona vários tipo de árvores, nomeadamente carvalhos, castanheiros, faias e bétulas, com grande potencial de transformação. Reunimos algumas amostras com as quais fizemos as primeiras experiências.



Visitámos ainda uma serração, onde recolhemos alguma madeira de castanho cortada em prancha, já seca, que necessitávamos para construir os artefactos. Aí compreendemos um pouco melhor a primeira fase de transformação da madeira, usando métodos de baixa tecnologia.



O trabalho de atelier dividiu-se então em várias fases: a primeira, a compreensão da matéria-prima, através do corte da madeira, descasque e polimento de ramos e intervenções directas sobre os mesmos com algumas ferramentas básicas. Percebemos assim as características de cada madeira, a nível da maleabilidade, resistência, forma, textura e cor.



A partir daí, começámos a pensar nos projectos a desenvolver. Decidimos que cada um desenharia e produziria um mobil e que em grupo construiríamos uma mesa de apoio e um banco.




Na oficina, explorámos pequenas maquetes, experimentando ferramentas para compreender as suas possibilidades de trabalho. Pudemos assim escolher as madeiras que se adaptavam a cada um dos projectos.




Todos os testes e experiências que efectuámos permitiram-nos avançar de uma forma segura para o desenvolvimento das peças finais e acabamento das mesmas.



Ao longo do desenvolvimento dos projectos individuais, a mesa de apoio começou a ser construída, também a partir dos materiais existentes. A sua forma surgiu muito naturalmente, tirando partido da morfologia dos ramos recolhidos.



Começámos a construir a mesa e o banco, que vai buscar inspiração a projectos já produzidos e que usam encaixes semelhantes. Não havendo a possibilidade de termos auxílio de profissionais de carpintaria, resolvemos encontrar uma solução construtiva que pudéssemos executar de forma autónoma.



Também aproveitámos algum tempo para outras actividades, particularmente manutenção do espaço e em várias visitas a localidades próximas.


Como o João Nunes é orientador  de um dos  projectos inseridos nas Indústrias Criativas da Bienal de Cerveira, fomos à apresentação deste projecto e assistimos à primeira reunião com a equipa que orienta, pudemos assim tomar contacto com algumas iniciativas culturais que existem em Vila Nova de Cerveira.


Como balanço da estadia, acreditamos que teve grandes frutos, nomeadamente no modo como nos relacionámos com o espaço. O contacto com a cultura e realidade local, bem como a envolvente da natureza, tornaram o trabalho em algo motivador. Do mesmo modo, foi interessante compreender a globalidade do processo, que passa por recolher o material no próprio "armazém da natureza" e aprender a seleccionar o material na floresta, idealizar o artefacto e produzi-lo na sua completude.
A própria natureza acaba por ter um grande peso na peça concebida, já que o designer pode escolher o ramo de acordo com o desenho, como também pode acontecer o inverso: as características que existem na natureza e que são inerentes a esta tornam-se no mote para o conceito do produto final.

Achamos que tem grande importância esta descontextualização de nós próprios e de vir à descoberta de algo que está fora do contexto académico a que estamos habituados. O trabalho no contexto deste atelier tem o benefício da existência de menos constrangimentos, e de uma amplitude de possibilidades de produção mais real, em que se estimula a criatividade e a sinergia, uns com os outros; a inexistência da competição e do desejo de destaque fez com que o trabalho, apesar de também estar focado em projectos individuais, se tornasse em algo conjunto, e se gerasse convívio e partilha de ideias e saberes, de uma forma bastante saudável e enriquecedora.

Apesar de o aproveitamento diário ter sido bastante satisfatório, visto no espaço de um dia conseguirmos fazer uma grande quantidade de coisas, acreditamos que poderíamos ter um prazo maior para uma execução mais completa dos projectos e mais tempo para a reflexão e contemplação sobre os mesmos. A existência de outras tarefas rotineiras, como cozinhar, acabaram por reduzir ligeiramente as horas de trabalho, embora fossem, de facto, momentos agradáveis para todos. Possivelmente deveríamos ter gerido o tempo de outro modo, já que em certas instâncias não tínhamos a capacidade de separar o lazer do trabalho e de adequar os nossos ritmos pessoais ao colectivo.

Salientamos que estas iniciativas não são de todo um desperdício de tempo. Pelo contrário, acreditamos que sair da zona de conforto é crucial enquanto aspirantes a designers e é o complemento ideal e necessário à formação que recebemos. É importante este afastamento da rotina para experienciar algo diferente, trabalhando directamente com a matéria, cumprindo regras, tendo que manter um espaço e forçando-nos a adaptarmo-nos a um outro ritmo de trabalho. A falta de um objectivo académico ou financeiro faz com que o propósito desta estadia seja unicamente o conhecimento e a vivência de algo fora do que é vulgar para nós, o que se traduz num ganho de experiência pessoal que vai certamente ter um grande impacto futuro na própria vida profissional de cada um.

Este tipo de actividade extra-académica tornou-se de certo modo num privilégio, que é dificilmente reconhecido, mas que deveria ser experienciado por todos como parte da sua formação pessoal e profissional. Há uma ligação com a realidade e o potencial da mesma, em que podemos explorar outro modo de relação com o design, fora do âmbito industrial ou gráfico puros. Reflectimos assim sobre soluções sociais menos industriais e massificadas, menos empresariais, que poderiam ser alternativas ao modelo actual, originando, talvez, um desaceleramento social.

Além disso, enquanto designers, fomos - como devemos ser - obrigados a olhar o que nos rodeia e a apercebermo-nos de que em qualquer meio, urbano ou rural, se pode fazer um aproveitamento de tudo. Qualquer local pode levar à geração de ideias, e à criação de algo, não havendo uma necessidade imperativa dos meios digitais.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Workshop Dome Construction

O workshop Dome Construction, realizado entre 18 e 28 de Julho, no Living Lab Iris Darga, no lugar de Vilares, contou com a participação de sete estudantes de Design da Universidade de Aveiro. O objectivo visava a construção de uma estrutura geodésica que pudesse, de futuro, vir a servir de abrigo. O projecto apareceu no seguimento do estudo das estruturas geodésicas e do pensamento de Buckminster Fuller, desenvolvido ao longo do semestre académico na cadeira de Projecto em Design III, leccionada pelo Designer João Nunes.

Tendo tido contacto com esta temática previamente, o grupo tinha já um conhecimento concreto relativo à geometria, dimensão e capacidade de resistência das estruturas.
Numa primeira fase, analisou-se o terreno disponível onde se iria implantar a dome, de forma a tentar perceber qual o diâmetro adequado. Esta análise passou também pelo estudo da frequência construtiva a adoptar para esta dome, que ficou definida como 3.
Procedeu-se ao dimensionamento estrutural e à pormenorização de desenho com vista à produção dos componentes. Com base nestes cálculos foi feita uma simulação tridimensional usando o Cinema 4D, o que permitiu ter uma melhor noção do resultado final.
Para se conseguir compreender melhor como montar a estrutura, construiu-se uma em dimensões reduzidas. Desta forma percebemos também quais os tipos de tensões que a dome poderia vir a sofrer, nos vários pontos, e quais as cargas suportadas.
Com os desenhos dimensionados, passámos à produção, numa serralharia local, dos diversos componentes metálicos da dome. O material usado foi tubo de ferro galvanizado de secção circular, cortado, esmagado e perfurado. Os acessórios são constituídos por parafusos, varão roscado, porcas, olhais e anilhas, de aço inox.
Na construção da estrutura, começou por se montar três pentágonos que foram depois unidos entre si. A partir daí ergueu-se a estrutura, construindo-se os restantes pentágonos e hexágonos, procedendo-se ao fecho da estrutura.
Antes de se dar por finalizada a construção foram examinados e corrigidos alguns erros existentes.
Verificando-se que a estrutura não se encontrava bem posicionada no terreno, encontrou-se um novo local onde a estrutura foi recolocada.
Por último elevou-se ligeiramente a estrutura, numa tentativa de perceber como se poderá construir um deck e a pavimentação interior.

É de notar que os materiais utilizados foram comprados e transformados recorrendo à pequena indústria local (serralharia, oficina de metais, entre outros), o que demonstra capacidade para um posicionamento no mercado com outro tipo de produtos a que o Design acrescenta valor.

Esta foi a primeira fase da experiência construtiva, a que se seguirão outras, que visam a construção da cobertura e pavimento da dome e o desenho do interior da mesma, que incluirá os próprios artefactos.







Participantes do workshop: Ana Fonseca, Ana Gil, Emiliana Silva, João Castro, João Nunes, Joana Ferreira, Rafael Lemos, Sara Gago.